O Prof. Cristiano Paixão da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade (Universidade de Brasília) convida para cerimônia de apresentação do Relatório Final da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da Universidade de Brasília. Está previsto, na cerimônia, o pronunciamento de Ivonette Santiago e Claudio Almeida, integrantes da Comissão que foram perseguidos pelo regime militar. O convite está anexado à presente mensagem. O documento vai ser apresentado publicamente na quarta às 10h no Auditório da Reitoria da UnB.
O evento vai ser transmitido pela UnBTV www.unbtv.unb.br
Entre 22/4 e 22/5, haverá tempo para envio e recebimento de sugestões através do email comissaoverdade@unb.br
Reproduzimos o material de divulgação fornecido aqui
Comissão Anísio Teixeira apresenta relatórioCerimônia será nesta quarta-feira (22), às 10h, no auditório da Reitoria
- Da Secretaria de Comunicação da UnB
A Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da Universidade de Brasília (CATMV/UnB) apresenta nesta quarta-feira (22), às 10h, o Relatório de atividades. A cerimônia, com a presença do reitor Ivan Camargo, será no auditório da Reitoria.Criada em agosto de 2012, Comissão Anísio Teixeira investigou violações de direitos humanos e liberdades individuais ocorridas entre 1º de abril de 1964, data do golpe militar com imediata intervenção de tropas na universidade, até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição democrática brasileira.O grupo, formado por professores e ex-estudantes da UnB, foi instituído a partir de ato do então reitor José Geraldo de Sousa Junior, no contexto de criação de comissões estaduais e setoriais, que se seguiu à instituição da Comissão Nacional da Verdade (CNV), e que caracteriza o processo da justiça de transição no Brasil.Durante mais de dois anos e meio, a comissão colheu depoimentos de docentes, técnicos e estudantes perseguidos à época, reuniu e analisou extensa documentação do Arquivo Nacional e de outros acervos e realizou audiências públicas.Entre os casos emblemáticos analisados pela comissão, estão o de Anísio Teixeira, reitor da UnB afastado do cargo pelos militares e morto em 1971 em circunstâncias cuja elucidação policial tem sido questionada, e os desaparecimentos de Honestino Monteiro Guimarães, Paulo de Tarso Celestino e Ieda dos Santos Delgado.
SERVIÇO
O QUÊ: Apresentação do relatório da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB
QUANDO: quarta-feira, 22 de abril, às 10h
ONDE: auditório da Reitoria, Campus Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília
Secom UnB
MEMÓRIA E VERDADE - 20/04/2015
Cristiano Paixão e José Otávio Nogueira Guimarães
Os desafios da Comissão Anísio TeixeiraEm cerimônia a ser realizada no Auditório da Reitoria no próximo dia 22 de abril, quando a Universidade comemora seu 53º aniversário, a Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade apresentará seu Relatório, resultado de 32 meses de intensivo trabalho. Ao longo desses meses, a Comissão identificou a prática sistemática de violações a direitos humanos no período compreendido entre 1º de abril de 1964 e 5 de outubro de 1988.É possível sintetizar algumas das conclusões alcançadas pela Comissão: a existência de mecanismos de espionagem das atividades de professores, servidores e estudantes; o controle ideológico exercido na contratação e demissão de professores bem como na admissão, suspensão e expulsão de alunos, a severa perseguição contra os movimentos discente e docente e uma clara conexão entre a repressão militar-policial e a censura a costumes e práticas imputadas a membros da comunidade acadêmica.Os depoimentos colhidos revelaram a prática de crimes contra a humanidade, como o de tortura e de desaparecimento forçado, dos quais foram vítimas jovens universitários. As inúmeras prisões promovidas pelo regime foram mencionadas em muitos desses depoimentos. Lembrados e relatados também foram os atos de resistência à repressão, como as passeatas, assembleias, manifestações, impressão de textos contrários ao regime, entre outros.Ficou ainda registrada a existência de uma atmosfera de medo, produto das ações do aparelho repressivo. Ao mesmo tempo, o exame de documentos e depoimentos evidenciou a existência de mecanismos de solidariedade entre os atingidos pela repressão.Duas reflexões e dois desafios podem ser aqui lançados.Primeira reflexão: a UnB não sofreu “ondas” de repressão ao longo do período ditatorial. Foi muito mais do que isso. Ela foi ocupada e instrumentalizada por um regime de força que não só espionou, perseguiu, puniu e expulsou alunos, funcionários e professores como estabeleceu um aparato de segurança e informações especializado em produzir “infiltrados”, criar procedimentos disciplinares e estimular delações. Além disso, os interventores que ocuparam a Reitoria após a destituição de Anísio Teixeira permitiram (ou incentivaram) que forças policiais e militares invadissem o campus, promovendo prisões e atos de violência. Sob o comando desses interventores, a UnB deixou de ser um território livre e passou a ser alvo de iniciativas que visavam sobretudo à captura de opositores ao regime.Dessa primeira decorre a segunda reflexão: a repressão generalizada efetivou-se também fora do campus. Muitos dos depoentes ouvidos revelaram episódios de torturas em locais como ministérios, garagem de prédios públicos e, claro, instalações do Exército. A perseguição foi indiscriminada – mesmo estudantes que não tinham militância política foram presos e torturados pelo simples fato de serem estudantes e residirem em repúblicas.No momento em que a Comissão se aproxima da apresentação do seu Relatório, tornam-se nítidos os desafios que se colocam para o futuro. Dois deles são cruciais: (1) como retomar os princípios que marcaram a fundação e implantação da UnB? (2) como a Universidade pode colaborar com uma educação para os direitos humanos, de modo que as gerações vindouras mantenham as premissas democráticas e libertárias que estavam no projeto de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro?A Comissão inova na forma de entregar seu Relatório. Ele permanecerá, por um mês, em hotsite hospedado no Portal UnB, aberto a críticas e sugestões de todo aquele ou aquela que queira contribuir com o trabalho de construção da verdade, memória e justiça no âmbito da Universidade. Esse trabalho não se encerra nunca, permanecendo sob a responsabilidade da comunidade acadêmica e da sociedade em geral. O Relatório é uma parte desse longo processo. Uma parte importante, mas não exaustiva. Necessária, mas não suficiente. A UnB foi protagonista na luta contra a ditadura. É hora de reiterar sua centralidade na luta por uma universidade democrática, plural e aberta.Cristiano Paixão é professor da Faculdade de Direito da UnB e
coordenador de Relações Institucionais da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnBJosé Otávio Nogueira Guimarães é professor do Departamento de História da UnB e coordenador de Pesquisa da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB
Imagem Ilustrativa do Post: 171/365.~ stop and think // Foto de: Kauana Guimarães // Sem alterações Disponível em: https://www.flickr.com/photos/itsnotalice/9847205543 Licença de uso: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode
Imagem Ilustrativa do Post: 171/365.~ stop and think // Foto de: Kauana Guimarães // Sem alterações Disponível em: https://www.flickr.com/photos/itsnotalice/9847205543 Licença de uso: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode