Por Redação - 01/10/2015
De acordo com o site Vice, há poucas semanas caiu na internet um vídeo com imagens de um ménage do qual Alexis Frulling participou quando se dirigia com mais dois amigos para o Stampede, um rodeio realizado na cidade de Calgary, no Canadá. Durante o trajeto, os três estavam fazendo piadas de sexo e acabaram decidindo fazer um ménage. Todos maiores e capazes. Ninguém foi forçado a nada. Foram para um beco discreto situado atrás de um prédio industrial. O que não perceberam é que havia uma pessoa vendo a cena do segundo andar de um prédio próximo, que sentiu necessidade de filmar e postar as imagens na Internet, sem o conhecimento ou consentimento deles.
Ela poderia ter agido como a maioria das mulheres, que sofrem caladas toda a hipocrisia da sociedade diante dos julgamentos e comentários carregados de preconceito e violência após ter sua intimidade revelada a público. Mas não.
Ela decidiu fazer um vídeo em resposta ao ocorrido e afirma que não está orgulhosa da exposição, mas que não se envergonha da decisão que tomou. Trampede (the original) já possui quase 6 milhões e meio de visualizações no Youtube e o número continua aumentando vertiginosamente. Ela também transformou sua página no Facebook numa fan page, que conta com mais de 27 mil Likes.
O problema está em a sociedade tachar de “vadias” as mulheres que fazem o que querem com seus corpos, sendo que o tratamento em relação aos homens é completamente diferenciado. Os rapazes que participaram do vídeo já retomaram suas vidas normalmente, ninguém os criticou por praticarem sexo ao ar livre e a três, enquanto somente Frulling teve que se expor (novamente) para se pronunciar sobre o ocorrido. É por meio destes comportamentos sociais infelizes que podemos inferir como o machismo ainda está impregnado nos olhos e julgamentos de muitas pessoas e que a efetiva igualdade de gêneros ainda está muito distante de se tornar concreta.
Conforme ressaltado pelo site Vice, a questão é simples: Pesquisa rápida. Quem aqui já: a) transou com um amigo; b) copulou ao ar livre; ou c) participou de algum tipo de sexo grupal? Que atire a primeira pedra quem respondeu “não” a todas as alternativas. O fato de Frulling ter feito as três coisas e ter sido “flagrada” no ato não quer dizer que isso seja problema de alguém. A decisão é dela, que pode (sim!) fazer o que bem quiser com o seu corpo sem ter que dar satisfações a ninguém, e ela foi corajosa em assumir isso.
De acordo com Rebecca Sullivan, chefe de estudos das mulheres da Universidade de Calgary, em entrevista ao Postmedia News, "não devíamos estar discutindo se as pessoas deviam ou não fazer ménages, devíamos discutir por que as pessoas se sentem no direito de ser tão abusivas. O que essas pessoas estão tirando disso, o que elas conseguem e qual o prazer delas em ser um agressor?".
Alexis Frulling provou que é uma mulher de 20 anos que faz o que bem entende. É preciso superar essa consciência ultrapassada de que a mulher não pode agir de forma livre em termos sexuais. Envergonhar mulheres com base em sexo e terrorismo na internet já ceifou e prejudicou a vida de muitas, e todo mundo já deveria estar consciente disso.
"Muitas garotas têm medo de se levantar e dizer: 'Foda-se essa hipocrisia' [...] Os caras podem fazer o que quiserem. Somos todos humanos e podemos tomar nossas próprias decisões", diz Alexis, apossando-se de toda a autonomia a que tem direito.
https://youtu.be/DcIJnLfcC-0
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