Deuses brincando com vidas (Poesia anarco-abolicionista) – Por Guilherme Moreira Pires

01/05/2016

O escrito abaixo disponibilizado (revisado) fora depositado como trabalho livre no "Curso Abolicionismo Penal Latinoamericano" (2015). 

I

Um fluxo insurgente,

Interruptor do silêncio, Dos que tranquilamente,

Dormem contentes, e mentem felizes

Brincando com vidas, Fendas, feridas,

Juízes, juízes

Que dormem contentes, E vivem felizes,

Brincando com vidas, Fendas, feridas Ardentes, terríveis,

Feridas e algozes , Vozes, caídas

Luzes tomadas, Vorazes, velozes

Luzes tomadas, Mortes, catarses, feridas, Deuses brincando, Com vidas.

II

Ladrões de tempo saboreiam licores Capturam cem vidas, ativam mil dores

Licores ou uísques?

Os Deuses, não-deuses, ainda sonhavam contentes Gozavam felizes, cercados de gente,

Orgulhosos dos trajes, ultrajes, Brincavam contentes,

Orgulhosos dos trajes, ultrajes, Poderes, latentes!

Orgulhosos dos trajes, ultrajes, Carcereiros de gente,

Os Deuses, não-deuses, que enquadram medalhas, Que choram escondidos, e forjam muralhas

Mas os Deuses, não-deuses, já não sonham contentes (não mais!) Já não gozam felizes, os carcereiros de gente (não mais!)

Emoldurando tempo (d)e vidas, Tantos castigos, com mortes, feridas

São eles: os Deuses, não-deuses, e quantas medalhas Mas choram escondidos, e forjam muralhas

(VIPs caíram Gosmificados, ensanguentados, sacrificados,

Alguns se assustaram, mas Muitos rivais imundos riram Fascinados, extasiados, deslumbrados)

Ah, os Deuses, não-deuses

Adoraram hierarquias, Apodreceram por dentro Brincaram de deuses, sem anarquia

(Fazia parte do jogo desenhado, naquele insano diagrama de poderes)

Escravizadores, Pretensos senhores, do tempo, do mundo, de tudo

Almejando capturar e reger cada momento, cada nuance

Demarcavam tudo o que tocavam, vigilantes e donos de cada lance (e assim continuam)

Mas os Deuses, não-deuses, já não gozam felizes Já tem cicatrizes, da vida que levam

Brincando de deuses, naturalizaram correntes Deuses, não-deuses, em busca de crentes

III

No ódio tombaram, Não-deuses irados, manchados em sangue,

Competiram entre si, e Cansados, bradaram: Queremos justiça (queriam ser Deuses!)

Justiça: o que é isso? Dos Deuses, não-deuses.

Justiça, é isso? Dos Deuses, não-deuses.

Um dia, Caídos, os vimos, Perdidos em hinos.

Com ódio, E com terra, E com gosma na boca,

Brigavam, matavam, Ouvimos os gritos!!!

Fascinados por dores, No ódio, tombaram Faíscas morreram, Correntes quebraram

Ufa... Agora só restam 1 MILHÃO DE DEUSES (não-deuses)

(Até quando esperaremos estaticamente o desfecho de lutas? Até quando esperaremos suicídio do poder? Até quando aceitaremos complacentemente não nos mover? Ainda que eventualmente um VIP perca para outros e seja capturado, nada mudará se persistirmos em movimentações e complacências gosmificadas, aplaudindo o desfecho da luta de deuses, sem potência libertária. Não desejo uma democracia repressiva, não acredito em prisões. Sou anarquista. Saúde a anarquia!)


Notas e Referências:

PIRES, Guilherme Moreira. Curso Abolicionismo Penal Latinoamericano (2015). Disponível em: <http://emporiododireito.com.br/curso-abolicionismo-penal-latinoamericano-2015-por-guilherme-moreira-pires/> ISSN 2446-7405. Acesso em: 27/03/2016.


Sobre o referido curso, leia mais aqui.

Artigos de Guilherme Moreira Pires no Empório do Direito em: http://emporiododireito.com.br/tag/guilherme-moreira-pires


 

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