Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Mato
Busco um ano,
um ano redondo
sem
a auto-montagem
da matéria
humana.
Quero
deixar para trás
substâncias antipáticas
que me enferrujaram
as mãos
da alma.
Não quero nele,
no ano novo,
mais a calma
do silêncio
de 1.507 toneladas.
2023 reduz-se a um sete
e 7 é seta
a orientar olhares
não passos
de Curupira.
A esquelética fome
a ignorância crônica
a indigência cultural
o ódio visceral
não quero mais.
Cutuco
um céu
para ver se dele caem
espadas de São Jorge
e bastões do Imperador
botões
das flores, das roupas
de um jardim
já não mais plúmbeo.
Ígneo.
Um ísqueo, um úmero
a levarem-me
e a inocência animal
eu
busco!
Involuntários
cabelos
e pelos
pelos trombos
dos sonhos
já não mais cancelados
como
fios de ovos
pendentes
dos ninhos
invadidos
pelas serpentes
de então.
Então
puxo o fio
do coração
da pandorga
da pobre corda
da memória
da dança
e da meada
para nele encontrar
o ano novo.
E nas borbulhas,
nele já vivo.
Contigo.
Imagem Ilustrativa do Post: Feliz Ano Novo! // Foto de: Tays Rocha // Sem alterações
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