MMXXIII

31/12/2022

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Mato

Busco um ano,

um ano redondo

sem

a auto-montagem

da matéria

humana.

 

Quero

deixar para trás

substâncias antipáticas

que me enferrujaram

as mãos

da alma.

 

Não quero nele,

no ano novo,

mais a calma

do silêncio

de 1.507 toneladas.

 

2023 reduz-se a um sete

e 7 é seta

a orientar olhares

 

não passos

de Curupira.

 

A esquelética fome

a ignorância crônica

a indigência cultural

o ódio visceral

não quero mais.

Cutuco

 

um céu

para ver se dele caem

espadas de São Jorge

e bastões do Imperador

botões

das flores, das roupas

de um jardim

já não mais plúmbeo.

Ígneo.

 

Um ísqueo, um úmero

a levarem-me

e a inocência animal

eu

busco!

 

Involuntários

cabelos

e pelos

pelos trombos

dos sonhos

já não mais cancelados

 

como

 

fios de ovos

pendentes

dos ninhos

invadidos

pelas serpentes

 

de então.

Então

 

puxo o fio

do coração

da pandorga

da pobre corda

da memória

da dança

e da meada

para nele encontrar

o ano novo.

 

E nas borbulhas,

nele já vivo.

Contigo.

 

Imagem Ilustrativa do Post: Feliz Ano Novo! // Foto de: Tays Rocha // Sem alterações

Disponível em: https://www.flickr.com/photos/taysrocha/31230276333/in/

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