Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Sempre gostei muito de música, toquei instrumentos musicais desde muito pequena, cantava em shows de calouros, dançava em todas as oportunidades nas festas da escola de modo que a música fazia parte do meu cotidiano nas mais diferentes perspectivas. Eu também era muito pobre e, certa vez, no meu aniversário, ganhei um dinheiro de presente e disse aos meus pais que queria comprar um CD, o valor permitia comprar apenas um (CDS eram objetos de luxo nos anos 90) e o escolhido foi 9 Luas dos Paralamas do Sucesso.
Dentre todas as canções do álbum, uma delas chamou a atenção “Capitão de Indústria”. Aos catorze anos, eu não poderia compreender com exatidão o significado de: “Eu acordo pra trabalhar / Eu durmo pra trabalhar / Eu corro pra trabalhar”. Criada em uma pequena cidade do interior do Paraná, a ideia da indústria pra mim era borrada, distante, mas o que estava bem claro desde então é que havia um problema muito sério em acordar e dormir para trabalhar.
Hoje, olho para aquela adolescente prestes a completar quinze anos que já acreditava que todos deveriam ter o “tempo livre de ser, de nada ter que fazer” e penso no que ela tem a dizer pra esta jovem senhora que todos os dias é chamada a debater temas como meritocracia, “não conseguiu porque não correu atrás”, “corra enquanto eles dormem”.
A jovem senhora questiona a menina que fora: Em que momento passou a ser condenável o fato de ter “um tempo livre de ser” e o “ser” perdeu o valor, saiu de moda. E é aí que me pego a pensar “Em outra vida ou lugar, estou cansada demais”. Que nossos jovens ouçam mais canções, não se sintam tão perdidos no que foi criado e está posto e possam ver “além da fumaça, o amor e as coisas livres coloridas, nada poluídas”.
Imagem Ilustrativa do Post: Mão frente viola borges pau ferro // Foto de: Luciano Borges // Sem alterações
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